ALTO SADO - SECA SEVERA ou SECA EXTREMA?
Em Campilhas e Alto Sado, desde 2016, vive-se uma situação de défice hídrico, quer no sequeiro, quer no regadio. De facto, ao contrario da maioria do território nacional, nesta região tem ocorrido menos chuva do que seria esperado e os números dizem-nos que efetivamente a precipitação é menor que os 600 mm da média regional.
No regadio, em 2016, 2017 e 2018 regou-se com restrições, com rateio, que implicou redução de área ou rega deficitária. Em 2019 e 2020 não houve rega, com prejuízo para mais de 200 famílias e 3000 ha de potencial regadio.
A albufeira de Campilhas, apenas tem 6,8%. da sua capacidade e a albufeira do Monte da Rocha apenas tem 8,9%, sendo a pouca água disponível para abastecimento público.
O milho, o tomate, o arroz, os prados e as forragens que se faziam, foram substituídas por culturas pobres de sequeiro ou por baldios.
No sequeiro, a falta de água, mais do que visível é alarmante para quem aqui habita e muito mais para quem depende do setor agrícola para viver. Há muito que não existe água na superfície. Primeiro secaram os barrancos, depois as ribeiras e agora o próprio ria Sado deixou de correr, secando mesmo os “pegos” que os mais antigos nunca viram sem água. Os poços há muito que secaram, os furos só têm “água salgada”. Fazem-se dezenas de quilómetros para procurar água para o abeberamento dos animais. É um vaivém diário de cisternas aos canais servidos pelo sistema de Alqueva. Agora não é altura de fazer contas a este abeberamento e ao custo da alimentação dos animais, o que interessa é a sobrevivência… esperar que venha a tão ansiada “água do céu”. Vive-se do parco mealheiro, de quem vai fiando e de endividamento na banca.
Mas com este cenário estamos em seca severa ou seca extrema? Para muitos estes termos deixaram de ser racionais, passaram a ser políticos. Chamem lá o que quiserem, mas que não há água e que esta situação é muito mais que extrema, é…. Só nas cidades e nas “reuniões da seca” é que não se nota nada…
Á Associação de Regantes chegam pedidos de “não haverá quem nos ajude??”… . Com a ajuda do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, da Cooperativa local, a Alensado e da Associação de Orizicultores de Portugal, lá se decide convidar a Sra. Ministra da Agricultura… para ao menos se poder desabafar e falar das “nossas dores”.
Mas nada, nem uma carta, um email, um telefonema simpático… que permita transmitir algum alento e esperança no futuro. Não se espera que o Estado faça chover, nem que venha com um “saco de dinheiro” para distribuir aos “pobres” agricultores afetados pela seca. Não. Tão só se espera que alguém olhe para esta região e sinta que aqui mora gente, que procura viver da agricultura, que está a definhar pelos efeitos de uma seca prolongada, severa ou extrema, e que, tal como outros portugueses afetados por intempéries ou tragédias naturais, merece a mesma atenção e respeito.
ARBCAS - TARIFA DE ÁGUA DE ALQUEVA
A questão da tarifa aplicada para o fornecimento à ARBCAS